segunda-feira, 6 de junho de 2016

ESFINGE



Você pode me olhar e não me ver,
Pode me tocar e nada saber,
Do meu calor ou da minha frieza.
Pode fitar meus olhos.
Mas...e se eu os fechar?
Pode ouvir minha voz.
Mas e se eu a falsear?
Como descobrir minha natureza?
Pode ser até que você queira
E até mesmo implore.
Esperta, eu sou esfinge.
Qualquer descuido e
Talvez eu lhe devore.
Mas se você me ler...
Então tudo muda.
Sentirá minha alma desnuda,
Essência pura, despudorada,

Ilha recôndita, enfim desbravada.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

AMOR DE GUEIXA


Por que, meu Deus, amo um amor tão desvairado?
O meu amor é pedinte sem guarida
Nasce e cresce todos os dias
E retorna ao meu seio quase sem vida.
O meu amor é humilde e carinhoso
Dá-se inteiro e tímido, em verso e prosa
Vive de olhares e palavras ambíguas
O espinho que recebe, ele transforma em rosa.
O meu amor é caudaloso
Para logo ser estancado
Não tem retribuição nem carinho
É um amor sozinho, abandonado.
É uma incógnita para mim, como resiste
Um amor tão doce, sem alimento
É infeliz, mais do que triste
Mas não deixa de amar um só momento.
Ele persiste simplesmente
Por vontade, por querer, por teimosia
O meu amor é fogo ardente
Que não se apaga frente ao vento
O meu amor vive sem alento

O meu amor é mais triste a cada dia.